FALTA DE RESPEITO E HUMANIDADE. ESSA É A MARCA DA SAÚDE NO ATUAL GOVERNO

28/10/2015 12:16
Neto descobre avô morto no horário de visita em hospital 
 
Paciente estava em uma maca dentro da CER Barra 
Foto: Agência O Globo / Marcelo Piu
 
Alfredo Mergulhão
 
Eram 15h20m de domingo, 25 de outubro, quando liberaram a visita para os pacientes que estavam na Coordenação de Emergência Regional da Barra da Tijuca (CER), anexa ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Zona Oeste do Rio. Acompanhado da mãe, Maria de Lourdes, Bruno Dias foi conferir como estava Arnaldo de Noronha Dias, de 88 anos, seu avô, que deu entrada na manhã do dia anterior e ainda aguardava atendimento. Quando chegaram à sala amarela, o paciente continuava numa maca, do mesmo jeito como fora deixado na véspera. Com uma diferença: o aposentado estava com o corpo gelado e levemente rígido.
 
— Vi na hora que meu avô estava morto. Ele estava contorcido na maca, com o braço pendurado e duro, como se fosse um animal. Quando toquei nele percebi que o corpo estava frio. Eu que chamei a enfermeira para avisá-la — conta o jornalista Bruno Dias, neto de Arnaldo.
 
O aposentado foi levado para a CER às 14h de sábado, 24 de outubro, depois de sofrer uma convulsão. Após breve atendimento, uma série de exames foi solicitada: de urina, sangue, tomografia e raios X. Mas 12 horas depois, nenhum resultado tinha sido apresentado.
 
— Não tinha como ver o resultado da tomografia, porque não tinha papel para imprimir nem disquete para gravar. Eu queria levar meu avô para casa, até que encontrei uma médica, às 2h de domingo. Ela olhou o exame de sangue e disse que provavelmente meu avô estava com infecção urinária. Então, ele foi levado à sala amarela, onde eu o encontrei morto no dia seguinte — relata Bruno.
 
Aposentado Arnaldo de Noronha Dias foi encontrado com o corpo gelado e rígido Foto: Álbum de família / Álbum de família
 
Após manifestações de indignação de Bruno, de sua mãe (filha da vítima) e de outros pacientes que estavam no local, os médicos ainda levaram o corpo de Arnaldo para uma sala reservada, onde alegaram uma tentativa de reanimar o aposentado. O atestado de óbito informa que ele morreu às 15h45m, de pneumonia e infecção generalizada. O horário é contestado pela família, que encontrou Arnaldo já morto às 15h20m. O médico legista George Sanguinetti explica que se passam algumas horas até que o corpo do morto fique rígido.
 
— O paciente encontrava-se gelado porque a morte já havia ocorrido há algumas horas. Nas três primeiras horas, o cadáver perde meio grau de temperatura e, da quarta hora em diante, perde um grau, até atingir a mesma temperatura do ambiente — acrescentou.
 
A CER Barra não deu o prontuário médico nem cópia dos exames à família. Deixou só um email da Secretaria estadual de Saúde para que os parentes pedissem a resposta oficial, com prazo de 30 dias. Funcionários reuniram-se com Bruno para tentar convencê-lo de que seu avô tinha recebido a atenção adequada.
 
Enterro do aposentado Arnaldo de Noronha Dias, que morreu aos 88 anos
 Foto: Álbum de família
 
A Organização Social (OS) RioSaúde, gestora da Coordenação de Emergência Regional da Barra da Tijuca (CER Barra), afirmou em nota que Arnaldo de Noronha Dias recebeu todos os cuidados necessários para seu quadro clínico. E acrescentou que o paciente “infelizmente não respondeu satisfatoriamente ao tratamento e faleceu no domingo, dia 25 de outubro, após uma parada cardiorrespiratória, confirmada durante a visita de seus familiares”.
 
Para a RioSaúde, Arnaldo morreu depois que a família chegou para a visita. Mas os parentes do aposentado alegam que encontraram o paciente morto.
 
Sobre a demora para o paciente ter seus exames avaliados pelos médicos, a RioSaúde disse que Arnaldo chegou debilitado e abaixo do peso ideal à unidade de saúde na tarde de sábado, com relato de convulsão. “O paciente passou por exames de raio-x, hemograma e análise de enzimas cardíacas, todos avaliados no mesmo dia de sua chegada à unidade, apontando diagnóstico de pneumonia, sendo iniciado tratamento com antibióticos e hidratação com soro”, diz a nota da OS.
 
A organização social informou ainda, na nota, que lamenta o ocorrido e que permanece à disposição da família do paciente para outros esclarecimentos sobre o atendimento.
 
 
 
 
‘É uma falta de respeito e de humanidade’
 
— Não dá para classificar o que é mais absurdo. Se é uma pessoa de 88 anos esperar 12 horas para que um médico veja seus exames, deixá-lo em uma maca de um dia para o outro ou liberarem a família para visitar quando o paciente está morto. É uma falta de respeito e de humanidade sem tamanho. Depois fizeram cena, chamaram minha mãe e disseram que infelizmente não conseguiram reanimar meu avô — disse Bruno Dias Barbosa, repórter do Extra.
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